segunda-feira, 28 de maio de 2012

O ESPORTE E A ECONOMIA



Por Daianna Carla
O esporte já representa uma parcela expressiva do PIB de vários países, e com impacto cada vez maior nos indicadores econômicos.
A seguir apresento alguns dados de um estudo da Sheffield Hallam University da Inglaterra, com alguns números que tornam mais concreta a percepção da importância do esporte, futebol incluso, nas Economias, e que servem também para algumas reflexões pertinentes sobre o conceito de “prioridade” na agenda interna de um país.
Acaba de ser divulgada uma pesquisa da Folha de SP, com dados interessantes. Por exemplo, 57% dos entrevistados se dizem contra o investimento público nas “arenas da Copa 2014″. E vou ficar apenas com esse dado pois o objetivo deste post não é a análise da pesquisa.
Eu já escrevi sobre isso. Percebo que é cada vez mais perceptível aos olhos da população um ranço em relação a mega eventos como Copa Fifa e Olimpíadas. E na opinião de boa parte das pessoas com quem converso, argumentam que Copa e Olimpíada não são prioridades para o país, e que os recursos públicos devem ser direcionados para as “reais” prioridades, saúde e educação, as de sempre.
Sobre a pergunta da pesquisa, cabem dois comentários. Devemos considerar em primeiro lugar, que todo investimento público deve observar algumas premissas, entre elas o efeito multiplicador que o mesmo terá na Economia do país. Investir num equipamento esportivo sustentável que tenha o poder de revitalizar determinadas áreas urbanas, que promova a geração de riquezas e emprego, e que contribua de alguma forma para a iniciação e prática desportiva da população, é um bom exemplo. Se isso não é prioridade, o que seria ? Isso também é investir em saúde. O outro ponto da pergunta é a questão “arenas da Copa”. Ora, não podem e não devem ser vistas como tal. Estamos falando de reestruturar nossa infra esportiva, que servirão para tudo aquilo que citamos antes para um ciclo de pelo menos 40 anos. Não são “arenas da Copa”. São arenas esportivas. Ponto. A palavra chave é sustentabilidade. Colocar recursos públicos em elefantes brancos é uma coisa (e porisso critico a escolha de determinadas sedes e projetos), mas não precisa ser assim. Infelizmente, os maus exemplos causam um efeito devastador na opinião pública.
E qual a conexão entre a pesquisa da Folha e o estudo da Universidade inglesa ?
Vamos a ele.
Algumas conclusões são notáveis. O esporte ocupa hoje um papel na Economia inglesa sem paralelo nos últimos 25 anos.
2,3 % de todo o consumo da ilha, está ligado aos esportes, que emprega 1,8% de toda a mão de obra, num total de 441.000 trabalhadores.
O PIB esportivo, que em 1985 se situava em £ 3,3 bilhões, saltou para £ 17,3 bilhões no período 2008/09, um salto superior a 500%.
O futebol é responsável por grande parte desse resultado, mas os demais esportes tem contribuído decididamente para que a Economia esportiva cresça mais que proporcionalmente em relação aos demais setores.
Os crescentes valores alcançados pela aquisição de direitos de mídia da Premier League, tem sido o maior responsável pela contribuição do futebol.
Apesar da região de Londres contribuir com a maior parte do resultado nominal, em termos “per capita”, a região de East England possui o maior consumo, com £ 404 anuais em média.
Não existem estudos recentes confiáveis sobre Economia do Esporte no Brasil, mas algumas projeções antigas estimam algo entre 1,5 e 2% do PIB a participação do setor esportivo. Nos EUA, já estaria beirando os 3%.
O próximo estudo relativo ao período 2009/10 que se encerrará em outubro próximo, bem como os dos períodos pré Olimpíadas, deverão apresentar resultados mais expressivos ainda.
Depois desses dados, será que alguem ainda acha que esporte, além de todos os benefícios de saúde e inclusão social, não é prioritário para algum país ?

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